Ocyan nas Escolas: Educação Antirracista e Cultura de Paz Transformando Comunidades
4 de dezembro de 2024
O projeto Ocyan nas Escolas, realizado pela Diaspora.Black
em parceria com a SEEDUC
(Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro) e a empresa Ocyan, trouxe uma abordagem inovadora para promover a transformação das comunidades escolares. Finalizado em novembro de 2024, a iniciativa impactou 13 escolas, sendo 3 na zona portuária do Rio de Janeiro e 10 na região de Macaé, levando educação antirracista, cultura de paz e prevenção de conflitos para o cotidiano escolar.
Um Chamado à Transformação
Em tempos de desafios sociais e educacionais, o projeto Ocyan nas Escolas reafirma a importância de ações estruturadas e conscientes para transformar os espaços escolares. A essência do projeto reflete a força de uma educação que reconhece a ancestralidade, valoriza a diversidade e busca construir uma convivência baseada no respeito mútuo e na empatia.
Os objetivos do projeto foram claros:
Educação Antirracista: Incorporar práticas pedagógicas que combatem o racismo e fomentam a igualdade.
Prevenção de Conflitos: Implementar diagnósticos como o Mapa de Calor, ferramenta estratégica para antecipar e mitigar conflitos.
Promoção de uma Cultura de Paz: Transformar a escola em um espaço de convivência harmônica, engajando toda a comunidade escolar.
Metodologia: Valores Afro-civilizatórios
A base do projeto foi a metodologia dos Valores Afro-civilizatórios, desenvolvida a partir dos conceitos da Dra. Azoilda Loretto da Trindade, uma referência em práticas pedagógicas antirracistas.
Essa abordagem promove reflexões profundas e ações concretas, combinando atividades lúdicas e participativas que estimulam a empatia e o engajamento coletivo. Os Valores Afro-civilizatórios não são apenas uma pedagogia; são uma forma de resgatar a ancestralidade como um guia para enfrentar os desafios do presente.
Ações Realizadas
- A implementação do projeto envolveu uma série de atividades presenciais e online, estruturadas para atender às demandas específicas de cada escola:
- Mapa de Calor: Diagnóstico detalhado que identificou áreas de risco de conflito, oferecendo uma base sólida para intervenções.
Oficinas Temáticas:
- A Cultura de Paz na Escola
- Mediando Conflitos na Escola
- Do Preconceito ao Bullying: Como evitar?
- Oficina de Comunicação Não Violenta
- Curso de Mediação de Conflitos: Capacitação de educadores e gestores para o manejo adequado de conflitos e a construção de um ambiente escolar saudável.
- Apresentação Cultural: Uma celebração das raízes e da ancestralidade como elementos centrais para repensar a convivência escolar.
Impactos do Projeto
O Ocyan nas Escolas gerou resultados expressivos:
Mais de 30 iniciativas de ação mapeadas, fortalecendo práticas antirracistas e pacificadoras.
276 pessoas impactadas diretamente, entre professores, estudantes, diretores, gestores e coordenadores pedagógicos, consolidando o engajamento da comunidade escolar.
Um Legado para o Futuro
O sucesso do Ocyan nas Escolas demonstra o poder transformador de uma educação que valoriza a diversidade e a ancestralidade. Mais do que um projeto, essa iniciativa se consolidou como um marco para o fortalecimento da cultura de paz e da convivência inclusiva.
O impacto alcançado reflete a importância de investir em metodologias que não apenas enfrentam os desafios do presente, mas também pavimentam o caminho para uma sociedade mais equitativa e justa.

O afroturismo é muito mais do que uma forma de viajar. Ele representa uma oportunidade de valorizar culturas ancestrais e, ao mesmo tempo, promover a preservação ambiental em territórios historicamente vinculados à resistência negra. Quando aliado a práticas sustentáveis, torna-se uma ferramenta poderosa de desenvolvimento comunitário, educação e conexão entre visitantes e anfitriões.

O afroturismo, ou turismo comunitário afrocentrado, vai muito além do lazer. Ele é uma poderosa estratégia de empoderamento econômico, valorização cultural e fortalecimento de lideranças negras locais. Essa forma de turismo permite que comunidades negras se tornem protagonistas de suas narrativas, gerando renda e visibilidade a partir da própria cultura.

O afroturismo tem ganhado cada vez mais espaço como um segmento que valoriza a memória, a ancestralidade e a criatividade negra. Mas como ele contribui para fortalecer a identidade cultural brasileira e, ao mesmo tempo, gerar impacto econômico e social? Quais os principais desafios para ampliar a presença de vozes negras em grandes eventos e feiras de turismo? E por que é estratégico ocupar espaços institucionais e de decisão com narrativas afro-brasileiras? Para refletir sobre esses pontos, conversamos com Tâmara Azevedo, referência no setor e especialista em políticas públicas para o turismo étnico-afro e indígena. Confira a seguir: DIÁSPORA.BLACK: De que forma o afroturismo contribui para fortalecer a identidade cultural brasileira e, ao mesmo tempo, gerar impacto econômico e social para as comunidades envolvidas? TÂMARA AZEVEDO: " Vivemos em um país de origem colonial, com 55% de população negra, fruto do processo de migração forçada, propiciada pela escravização de corpos negros visando o trabalho forçado. Essa proporção chega a 82% de população negra na Bahia, onde em tese, todo turismo deveria ser afro desde sempre, mas não é. O Afroturismo é uma tomada de atitude diante da história de resistência e da cultura preservada de nossos povos, numa busca recivilizatória, capaz de dar vez e voz às comunidades, valorizando saberes e fazeres milenares, difundindo e protegendo territórios, gerando renda e preservando o meio ambiente." DIÁSPORA.BLACK: Quais são os principais desafios e oportunidades para ampliar a presença de vozes negras nos grandes eventos, feiras e conferências do setor de turismo? TÂMARA AZEVEDO: " Os desafios são imensos. Estruturar uma política pública que enfrenta diretamente o racismo institucional, por si só já é desafiador. A presença de negras e negros em um setor econômico como o do Turismo causa também certa estranheza, haja vista que o setor é dominado pelo grande capital, onde nossa presença é pontual. No entanto, essas diferenças se acentuam quando dedicamos o olhar aos investimentos feitos neste segmento a depender de cada região do Brasil. Os grandes eventos estão concentrados no eixo Rio-SP, o que dificulta sobremaneira a presença de empresários e empreendedores negros nordestinos e do norte do país. Talvez seja necessário um olhar mais direcionado ao fomento nessas regiões, de grande potencial turístico. Do ponto de vista das oportunidades, acredito no crescimento exponencial do turismo internacional e na tomada de consciência crítica racial, que tem feito aumentar significativamente o público nacional voltado para o segmento." DIÁSPORA.BLACK: Por que é estratégico ocupar espaços institucionais e de tomada de decisão no turismo com narrativas e experiências que valorizam a cultura afro-brasileira? TÂMARA AZEVEDO: "A ocupação de negros e negras em espaços de decisão é fundamental para o avanço de qualquer política pública. O sucesso dessas políticas está intrinsecamente ligado ao compromisso e sentido de pertencimento do gestor público içado para a tarefa. A construção de uma narrativa decolonial só será possível através da memória social dos povos locais, que permanece ainda em grande parte na oralidade. É um exercício antropológico que não pode ser entregue nas mãos daqueles que durante séculos foram algozes dos povos negros e indígenas desse país."

Viajar para se conectar com a cultura e memória negra da diáspora é uma experiência transformadora, mas seus impactos vão muito além da nossa autoestima, identidade e resistência. Quando nos conectamos com o afroturismo, estamos também valorizando uma rede poderosa de empreendedores que trabalham com a criatividade ancestral. O afroturismo é um forte catalisador da Economia Criativa em cada destino, mobilizando diversos segmentos como a gastronomia, passando pela moda, artesanato e música, entre muitos outros. Segmentos em que ao longo de toda nossa história têm sido fundamental para autonomia e fortalecimento econômico da população negra, além de vetor de preservação e transmissão das nossas memórias e referências ancestrais. Hoje o valor da economia criativa como vetor de desenvolvimento econômico para o País tem sido cada vez mais reconhecido, e é sempre importante demarcar o espaço da Cultura Negra nesse segmento. Nossa criatividade ancestral sempre foi um pilar importante para nossa comunidade, e por isso é importante considerarmos políticas e ações específicas de fomento à economia criativa negra, especialmente nos territórios em que nossa memória e história é pulsante. Em Salvador, por exemplo, um destino que exalta nossa ancestralidade e negritude, produtos e serviços com a nossa identidade se sobressaem como marcas internacionalmente reconhecidas, como Olodum! No Rio de Janeiro, a Pequena África se tornou o território mais visitado da cidade, e se preparar para se tornar um distrito criativo negro - considerado único no mundo - com o #afroturismo como um vetor importante para demarcar a essência da identidade e cultura do território. A partir da experiência e aprendizados nesses territórios, é fundamental enxergar a potencialidade de diversos outros territórios criativos negros, espaços em que nossas memórias, histórias e referências culturais são a base essencial da identidade. Estamos iniciando neste segundo semestre ações de mapeamento de novos territórios de memória em todo o País, como parte da iniciativa Viva Pequena África. O objetivo é levar investimentos, ações e estratégias de articulação de rede para que a população negra local seja fortalecida e beneficiária dos resultados e impactos positivos.

O Brasil abriga um dos maiores patrimônios da memória da resistência negra no mundo. Entre eles, o mais conhecido é o Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. Esse território histórico foi refúgio de diversos quilombos e palco de grandes lideranças, como Aqualtune, Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Mas Palmares não é o único símbolo dessa história. Muitos outros locais, espalhados por cidades e municípios brasileiros, preservam memórias de luta e liberdade. Em Alagoas, por exemplo, existe um lugar de grande importância simbólica: a Serra Dois Irmãos, no município de Viçosa. Segundo a tradição, foi ali que Zumbi encontrou sua última morada, buscando refúgio em uma cachoeira de beleza impressionante, que até hoje preserva sua força e representação histórica. Em 2018, tive a felicidade de visitar esse local pela primeira vez, conduzido pelo Mestre Cláudio, fundador do ANAJO – uma importante organização do movimento negro em Alagoas. Mestre Cláudio, capoeirista e referência cultural, me concedeu a honra desse retorno. Desta vez, estive acompanhado também de Eusías, um grande griô e liderança do turismo no estado, além da presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial. Na ocasião, participamos de uma reunião com representantes da Secretaria de Turismo de Viçosa e com o secretário de Turismo de Mar Vermelho, município vizinho, que também integra a Estância dos Quilombos. Foi um encontro valioso, no qual debatemos a importância de fomentar a visitação e a valorização desse lugar. Infelizmente, poucas pessoas em Alagoas – e no Brasil – conhecem a Serra Dois Irmãos e sua relevância. É um espaço que deve ser reconhecido não apenas como patrimônio, mas como lugar de contemplação, reflexão e inspiração para novas lutas. Na Diáspora.Black, temos orgulho de apoiar iniciativas que promovem o desenvolvimento, a preservação e a visibilidade desses territórios. Acreditamos que visitar esses locais é uma forma de fortalecer a memória coletiva, ampliar a consciência histórica e alimentar o compromisso com um futuro mais justo. Continue acompanhando os nossos conteúdos e descubra mais histórias, roteiros e reflexões que valorizam a memória, a cultura e a resistência negra no Brasil e no mundo.

No dia 18 de novembro de 2015, a capital do Brasil foi atravessada por um rio de força, ancestralidade e luta. Cinquenta mil mulheres negras de todas as regiões do país ocuparam as ruas de Brasília em um movimento histórico: a Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem Viver. Em uma só voz, diferentes sotaques, tons de pele, formas de fé, corpos e histórias reivindicaram um novo pacto civilizatório, onde a justiça, a equidade e o cuidado com a vida estejam no centro. Mais do que protesto, foi um manifesto de existência e esperança. A marcha foi guiada por um princípio poderoso chamado Bem Viver. Concebido pela ativista e engenheira agrônoma Nilma Bentes, esse conceito convida a imaginar uma sociedade onde as múltiplas existências convivam com dignidade, respeito e liberdade. Essa proposta defende uma convivência em harmonia com a natureza e com a ancestralidade que sustenta as lutas negras. Foi mais do que um ato político. Foi uma experiência de afeto coletivo e espiritualidade negra, que segue reverberando nas lutas e construções de hoje. Dez anos após a primeira edição, a Marcha volta a Brasília como um marco de memória, mobilização e esperança coletiva. Para acolher essa vivência de forma estruturada, segura e com propósito, a Diaspora.Black vai lançar um roteiro exclusivo na plataforma. A experiência contará com: Acompanhamento por guias mulheres negras Roda de conversa, formação e atividades culturais Logística organizada para participantes de diferentes regiões Espaços de cuidado, conexão e espiritualidade Mais do que um roteiro, será uma jornada afetiva e política, conectada com o que há de mais potente nas caminhadas das mulheres negras. Acesse diaspora.black e acompanhe o lançamento. Porque marchar é também viajar com propósito.

Em parceria com o Instituto BEI, a Diaspora.Black está desenvolvendo uma jornada transformadora ao lado de mulheres quilombolas da região de Belém, no Pará. Essas mulheres integram o Programa de Qualificação para a COP 30, e a proposta é criar espaços seguros, afetivos e formativos onde possam desenvolver suas potências, fortalecer a autoestima e planejar caminhos de futuro.

No dia 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi criada em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana. Desde então, tornou-se um marco de visibilidade, reconhecimento e mobilização em torno das lutas, conquistas e potências das mulheres negras da região. Mais do que uma data comemorativa, esse é um momento de reflexão sobre desigualdades estruturais, apagamentos históricos e os desafios enfrentados por milhões de mulheres negras nos territórios que ocupam. Ao mesmo tempo, é um convite a celebrar suas lideranças, expressões culturais, saberes ancestrais e contribuições para a transformação das sociedades em que vivem. Na Diaspora.Black, reconhecemos que essas histórias não podem mais ser silenciadas ou marginalizadas. O turismo, quando guiado pela perspectiva afrocentrada, torna-se um instrumento de valorização dessas trajetórias. Por meio das experiências que oferecemos, buscamos visibilizar mulheres negras que são lideranças comunitárias, guardiãs da memória, empreendedoras culturais, artistas, guias e educadoras.

Por muito tempo, o turismo no Brasil ignorou as histórias, vozes e territórios negros. Mas hoje, cada vez mais, guias turísticos negros estão assumindo o protagonismo na condução de experiências que valorizam a ancestralidade, resgatam memórias e transformam o ato de viajar em um mergulho identitário e político. Esses profissionais não apenas apresentam paisagens e monumentos. Eles recontam a história a partir de outra perspectiva. Uma perspectiva que revela o que foi apagado, silenciado ou distorcido, e que honra os passos de quem resistiu e construiu as bases culturais do país. Na Diaspora.Black, temos orgulho de caminhar ao lado de guias que atuam em quilombos, centros históricos e territórios de resistência em todo o Brasil. São mulheres e homens negros que fazem do afroturismo uma ferramenta de empoderamento, educação e valorização da cultura afro-brasileira. A seguir, conheça a trajetória da Damiana Silva, da Florencios Tours & Travel, e descubra como sua experiência está ajudando a reescrever o turismo no país.

Viajar é uma forma de se conectar com o mundo. Quando essa conexão é guiada pela ancestralidade, ela ganha profundidade, significado e senso de pertencimento. O afroturismo é uma oportunidade de enxergar o território brasileiro pelas lentes da população negra, celebrando memórias, tradições e histórias de resistência que moldaram o país. Na Diaspora.Black, você encontra experiências pensadas para fortalecer essa reconexão com a cultura negra. Nossa plataforma reúne roteiros em diferentes regiões do Brasil, conduzidos por guias especializados e comprometidos com o resgate e a valorização de territórios quilombolas, terreiros, blocos afro, rodas de samba, culinária ancestral e muito mais. Se você está planejando uma viagem afrocentrada, confira as dicas que preparamos para te ajudar a construir um roteiro com propósito.