1 de dezembro de 2023
O mês de novembro é marcado pela celebração do Dia da Consciência Negra. A data é uma oportunidade para refletir sobre a história, a cultura e as lutas da população negra no país, que ainda enfrenta muitos desafios e desigualdades. Um desses desafios é o empreendedorismo, uma atividade que vem ganhando cada vez mais destaque entre os negros e negras brasileiros. Segundo o estudo "Afroempreendedorismo Brasil", realizado pelo Movimento Black Money em parceria com a RD Station e o Inventivos, 51% dos empreendedores brasileiros são negros, o que representa 14 milhões de pessoas. Além disso, o afroempreendedorismo movimenta cerca de R$ 1,73 trilhão por ano no país. O empreendedorismo negro surge como uma forma de superar as barreiras impostas pelo racismo estrutural, que limita o acesso à educação, ao mercado de trabalho formal, ao crédito e às oportunidades de desenvolvimento profissional. Muitos dos negócios criados por empreendedores negros têm como objetivo resolver problemas que eles próprios vivenciaram ou que afetam suas comunidades. Um exemplo é o aplicativo Genyz, desenvolvido pelo jovem CEO Cairê Moreira, que usa tecnologia 3D para escanear o corpo das pessoas e criar roupas sob medida. O aplicativo também lançou a primeira influenciadora virtual do Brasil, a Maya, que tem como propósito promover a diversidade e a inclusão na moda. Outro exemplo é a AfroBox, fundada pela carioca Élida Aquino, que é o primeiro clube de assinaturas focado na beleza negra do Brasil. A empresa envia mensalmente uma caixa com produtos de maquiagem, cabelo e cuidados pessoais adequados para a pele e o cabelo afro. No entanto, apesar do potencial e da criatividade dos empreendedores negros, eles ainda enfrentam muitas dificuldades para consolidar seus negócios. Entre os principais desafios estão: a falta de capital inicial e de acesso ao crédito; a falta de apoio institucional e de políticas públicas; a falta de capacitação e de mentoria; a falta de visibilidade e de reconhecimento; e o preconceito e a discriminação por parte de clientes, fornecedores e investidores. Para superar esses obstáculos, os empreendedores negros contam com o apoio de redes crescente de colaboração, como coletivos, associações, incubadoras e aceleradoras voltadas para o público negro. Essas redes oferecem serviços como capacitação, consultoria, mentoria, networking, divulgação e acesso a recursos financeiros. Alguns exemplos são: Feira Preta, PretaHub, Vale do Dendê, AfroSaúde, BlackRocks Startups e Black Founders Fund. As startups do black founders fund, um fundo de investimento criado pelo Google for Startups, têm em comum o propósito de resolver problemas reais da sociedade, utilizando a tecnologia como aliada. Além do aporte financeiro, elas também recebem mentorias, capacitações e acesso à rede de parceiros e especialistas do Google. Com isso, elas podem escalar seus negócios, gerar mais impacto e inspirar outras pessoas negras a empreender. Um exemplo de startup do black founders fund é a Agenda Edu, uma plataforma de comunicação e engajamento escolar que conecta pais, alunos e professores. A startup foi fundada por Anderson Morais, um jovem negro da periferia de São Paulo, que teve dificuldades para se comunicar com a escola quando era estudante. Hoje, a Agenda Edu atende mais de 1,5 milhão de usuários em mais de 2 mil escolas pelo Brasil. Outro exemplo é a TrazFavela, uma startup de logística que oferece entregas rápidas e seguras nas favelas do Rio de Janeiro. A startup foi criada por Alan Duarte, um morador do Complexo do Alemão, que percebeu a demanda por um serviço de entrega adaptado à realidade das comunidades. A TrazFavela conta com uma rede de entregadores locais, que conhecem as rotas e os desafios das favelas, e utiliza bicicletas elétricas para reduzir a emissão de carbono. Esses são apenas alguns exemplos das startups e iniciativas, que estão mostrando que o empreendedorismo negro é uma força transformadora para o mercado e para a sociedade. No novembro negro e durante todo o ano, vale a pena conhecer e apoiar essas iniciativas, que contribuem para a valorização da diversidade, da inovação e do desenvolvimento inclusivo.