Ao longo dos últimos 20 anos, perdi muitos familiares, amigos e conhecidos que foram atravessados por essa temerosa doença. Alguns deles, tive a oportunidade de acompanhar de forma muito próxima até seus últimos momentos, marcados por muita esperança pela chegada da cura do câncer. Infelizmente, não tiveram a oportunidade de ver chegar esse dia. O país estima 704 mil casos novos de câncer entre 2023-2025, segundo projeções do INCA. Ontem, os jornais noticiaram a eficácia de um tratamento que em pouco tempo, vem produzindo efeitos muito positivos, e isso trouxe muita esperança, expectativa e emocionou a todos que já viveram atravessamentos desta doença. Eu, sou um dos que se emocionaram, pois venho esperando, e muito, ver noticiada essa conquista.
Mas essa doença embora represente uma das maiores causas de mortalidade neste país, não é a única que produz dados e dores tão alarmantes e que alimenta o desejo de ver noticiada sua cura e o seu fim. Um dos outros grandes problemas de nossa sociedade, que causa tantas mortes em diferentes idades e regiões, é o racismo. O racismo produz diariamente várias mortes, seja pelo índice de homicídio, seja pelo descaso com vidas negras em hospitais, sejam dores e doenças emocionais, seja pela ausência de oportunidade ou pelas muitas outras formas como vem ceifando vidas da população negra. Esse problema estrutural de nossa sociedade é como um câncer social, uma doença que de forma dolorosa oprime, encarcera, limita oportunidades e extermina corpos negros. Também gera muita expectativa de um dia vermos o seu fim.
Embora eu acredite e esteja na torcida para a cura do câncer ser uma realidade emergencial, preciso de muita fé para acreditar que viverei o dia em que nossa sociedade não terá racismo. Para a cura do câncer precisamos do avanço da ciência, das pesquisas e da informação.
Para a eliminação do racismo precisamos do interesse de todos em reconhecer e combater essa prática nefasta que afeta a dignidade humana. Precisamos também de educação antirracista, de políticas públicas efetivas, de reparação histórica e de justiça social. Precisamos ainda de mais amor e respeito pelo próximo.
Afinal, "numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista" - Angela Davis
Nós da Diaspora.Black atuamos de forma pedagógica, educativa, lúdica e criando oportunidades para conscientizar as pessoas sobre a importância da diversidade racial e cultural. Acreditamos que essa é uma forma de contribuir para a cura desse câncer social que é o racismo. E você, o que tem feito para ajudar nessa luta?
Obs: Reflexões do nosso CEO e Cofundador, Carlos Humberto